terça-feira, 31 de março de 2009

O prazer de gerar repulsa

Em duas obras de autores distintos, captei um sentimento que talvez seja comum em diversas pessoas: a vontade de produzir aversão ao outro a partir de sua própria estética.

Em Jean Genet:



É preciso, à medida que essa lepra me vence, que eu a vença e que eu seja o vencedor. Tornar-me-ei, pois, cada vez mais ignóbil, cada vez mais um objeto de nojo, até o ponto final que ainda não sei o que é, mas que deve ser comandado por uma busca estética tanto quanto moral.
GENET, Jean. Diário de um ladrão. São Paulo: Rio Gráfica, 1986. p. 26.


Em Dostoievski:



Sem querer, vi-me de relance num espelho. Meu rosto desfigurado me pareceu extremamente repuslivo: pálido, cruel, vil, com os cabelos em desordem. "Não importa, estou feliz com isso", pensei, "parecer repulsivo me deixa de fato satisfeito; gosto disso..."

DOSTOIEVSKI, Fiodor. Notas do Subsolo. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 102


Gostei.

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